No início de 2003, DarkAvenger (Diogo Rosa), o Storm (Paulo Caria), o Recruta Zero (Pedro Pereira) e o EbonyDragon (Bruno D'Almeida) tivemos as primeiras conversas sobre formar uma equipa de Paintball, desporto que já tínhamos jogado uma ou duas vezes. O tema de conversa das nossas habituais saídas nocturnas passou a ser este. Numa dessas noites, no Bar "The Beer Hunter" em Oeiras, um amigo nosso, o Cuca, falou-nos pela primeira vez no Airsoft. O Cuca na altura tinha entrado na recém criada equipa de Airsoft "Tomahawk" com o nickname de Joker. O conceito agradou-nos de imediato. Tudo aquilo que não gostávamos no Paintball existia no Airsoft. Réplicas semelhantes às armas verdadeiras, inexistência de tinta e uma maior aproximação à realidade do restante equipamento foram motivos mais do que suficientes para abandonarmos de imediato a ideia de criarmos uma equipa de Paintball.

Mudamos de rumo em direcção ao Airsoft. Tivemos de começar todo o processo do zero.Enquanto que já conhecíamos o Paintball razoavelmente bem, o Airsoft era uma nova realidade para nós os quatro. Apenas conhecíamos o que o Cuca nos tinha transmitido naquela noite em Oeiras. Começamos por investigar mais na internet. Procuramos sites sobre Airsoft, sites de equipas e também lojas online. Guardamos fotos e vídeos que visionamos vezes sem conta. Durante um par de meses fomos adquirindo conhecimentos sobre este desporto na internet sem ter qualquer contacto com a comunidade de jogadores de Airsoft existente na altura.

Mais tarde pedimos ao Cuca para nos levar a um jogo de Airsoft, apenas como meros espectadores. Aos fins-de-semana havia sempre um jogo num terreno em Setúbal, uma antiga fábrica, que era partilhada por jogadores de Airsoft e Paintball. Esse terreno era na altura a "Meca" dos jogadores de Airsoft. Combinamos ir todos e tomamos contacto, olhos nos olhos, com o Airsoft. Conhecemos muitos jogadores e algumas equipas. Conhecemos os Tomahawk, os já extintos Rainbow, e os também extintos SAS. Manuseamos pela primeira vez réplicas de Airsoft e fizemos alguns disparos. Decoramos marcas de réplicas e modelos. Nessa altura começamos de imediato a pensar quais as réplicas que gostaríamos de ter. Na altura ainda não se falava do restante equipamento. Uma camisola e umas calças de ganga, para além dos obrigatórios óculos de protecção, era mais do que suficiente. Assistimos a todos os jogos e regressamos a casa com a certeza absoluta que iriamos gostar deste desporto. Talvez até mais do que aquilo que pensamos de início.

Nessa altura todos os jogos eram planeados e divulgados no fórum dos Rainbow e o destino sempre o mesmo, a velhinha fábrica de Setúbal que, actualmente, já não existe. Resta-nos a nostalgia... Fomos ainda a mais dois ou três jogos antes de dar o próximo passo. Seguíamos as marcações de jogos e rescaldos no tal fórum.

Era hora de avançar mas surgiu um problema com o qual já contávamos. Como e onde adquirir uma réplica? Alguns arriscavam em comprar na internet, mesmo fora da comunidade europeia. Ouvimos histórias de sucesso e outras tantas de problemas. Entretanto apareceu aquela que julgamos ter sido a primeira loja de Airsoft do País, a "Tactical Storm" (mais tarde designada de "Dynamica"). As compras eram feitas por encomenda e o dinheiro tinha de ser adiantado. Arriscado até porque, na altura, não conhecíamos bem quem estava à frente da loja. Sabíamos que se chamava Miguel, tinha o nick Rabbit e jogava numa equipa chamada "FERAS". Arriscamos. Também as alternativas não eram muitas. Felizmente correu tudo bem e criamos uma relação de confiança e amizade com o Rabbit. Eu comprei uma M4 RIS, o Recruta Zero uma Famas, o Storm uma MP5 e o EbonyDragon uma Uzi.

Antes de irmos ao nosso primeiro jogo como jogadores fomos uma noite a Sintra testar as armas em nós próprios. Estávamos curiosos se as bb's magoavam mais do que as bolas de Paintball. Lembro-me de termos testado as armas perto da Peninha. Estávamos prontos para a nossa primeira aventura...

Como não poderia deixar de ser estreamo-nos na velha fábrica de Setúbal. O primeiro jogo que jogamos tinha como objectivo conquistar o primeiro andar do corpo central da fábrica. Já não me recordo se conseguimos esse objectivo ou não. Recordo-me, isso sim, de ter apanhado oficialmente pela primeira vez com uma bb. Bem no meio do nariz. A minha primeira eliminação foi conseguida pelo Mig, dos FERA e amigo pessoal do Rabbit. Foi uma honra.

Alguns dias depois, mais precisamente no dia 15 de Junho de 2003, formalizamos a criação da equipa. Tudo ficou decidido na Barragem do Rio da Mula em Sintra, mais uma vez com o luar como pano de fundo. Sentados à beira do lago falamos sobre o que queríamos fazer com a equipa, quais os seus objectivos e qual o estado de espirito que deveríamos adoptar. Chegamos facilmente a uma conclusão, o nosso objectivo seria simplesmente, divertirmo-nos e passarmos bons momentos juntos, ou não fossemos amigos de longa data.

Tínhamos ainda que decidir qual o nome a adoptar para a equipa. O EbonyDragon tirou um pequeno papel dobrado das calças no qual tinha escrito uma lista de nomes que lhe tinham vindo à cabeça. Olhámos para a lista e a decisão foi imediata e unânime. O nome Painkillers destacou-se de todos os outros. Como somos os quatro fãs de Heavy Metal associamos o nome à música de Judas Priest, Painkiller. A música é um verdadeiro hino ao Heavy Metal e a letra encaixava-se muito bem no espirito da equipa. No contexto do Airsoft toda a letra da música foi interpretada por nós de uma forma humorística e representava aquilo que nós queríamos ser neste desporto.

Nessa mesma noite decidimos também uma última coisa. Os Painkillers seriam simplesmente um grupo de amigos e uma família unida. Foi essa a nossa postura na altura e é aquilo que nos une tantos anos depois. Mais do que uma equipa de Airsoft eramos um grupo de amigos e todos os que se juntassem a nós na equipa teriam de ter esse espírito.

Foi assim que nasceram os Painkillers Airsoft Team. Apadrinhados pelo Joker, ajudados pela comunidade de Airsoft da altura e inspirados pela Serra de Sintra.

Mais tarde alargamos a lista de desportos que praticávamos e sentimos a necessidade de formalizar tudo isto de forma legal. Criámos uma associação sem fins lucrativos e criámos o nosso próprio mundo, os Painkillers World. Passámos a praticar mais atividades como o futebol, btt, surf, skate ou escalada e introduzimos interesses culturais no grupo, como o cinema ou a música. O grupo foi crescendo, ao longo dos anos, ultrapassando a centena de membros e manteve-se sempre fiel aos seus princípios.

Já em 2015 formalizámos oficialmente o clube de airsoft, passando este a denominar-se
Painkillers Airsoft Clube.